17 de Março, 2022 / Cultura DBPV
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Dia da Mulher é dia de propósito – e aqui, propósito é vivido diariamente

TeamDBPV


As lideranças de Planejamento, Atendimento e Criação – Cindy, Katia e Bruna – compartilham suas visões sobre o papel de mulheres em cargos de gestão.

Dia da Mulher é dia de propósito – e aqui, propósito é vivido diariamente Dia da Mulher é dia de propósito – e aqui, propósito é vivido diariamente

O movimento #CortaEssa nasceu, em 2020, a partir de uma constatação tão óbvia quanto revoltante: as mulheres são minoria absoluta nos cargos de liderança país afora. Analisando a pesquisa Liderança Feminina Sem Atalhos, desenvolvida pela Bain & Company em parceria com o LinkedIn, demos de cara com uma tesoura que podava nosso acesso às cadeiras de chefe. Isso gerou um grito inconformado que ecoou dentro de todas nós e se manifestou na forma do projeto que vem sendo conduzido internamente desde então. Mas aí você pode se perguntar: o que, de fato, é possível fazer para fomentar o desenvolvimento de lideranças femininas?

Aqui, na DBPV, nós acreditamos, praticamos e louvamos a máxima de ensinar pelo exemplo; em fazer o que se diz; e em propósito que vai além da frase estampada na parede e é posto à prova diariamente. Por isso, hoje, quem fala um pouco sobre o tema somos nós, as gestoras que encabeçam três setores da agência e, ao lado de um time dedicado e uma diretoria que nos estimula a crescer – e fazer o time crescer conosco, realizam um esforço incessante para criar um terreno fértil para o desenvolvimento profissional

Nossas palavras passam pelas definições de ser mulher, publicitária, mãe e líder, se entrelaçam nas funções de gerenciar, criar, planejar, atender, resolver B.O.s, tateiam os caminhos para empatia, responsabilidade, inteligência emocional e interpessoal, equilíbrio, autonomia e autoconhecimento e aterrissam, por fim, em poucas verdades absolutas, mas vivências abundantes que consideramos essenciais para desenvolver nosso estilo próprio de liderança.

Planejamento, referências e liderança

Cindy Juraszck

Desde a faculdade, eu sempre senti que estava indo ao sabor do vento. Escolhi Publicidade quase aleatoriamente e tentei desistir durante praticamente três anos. Trabalhei em lugares não tão legais, porque era o que tinha, sempre fui mais ou menos boa em quase tudo, mas nunca ótima em nada. 

Mesmo sem saber na época, a liderança feminina estava ali, quando a minha primeira líder, minha mãe, não me deixou desistir do curso: “só mais um ano, minha filha. Se você realmente não gostar, aí você para.” Depois vieram as professoras, algumas liderando pela exigência, outras pela empatia, mas todas exercendo seu papel da melhor forma que sabiam. Claro que na época eu não via nada disso como liderança, minhas referências de líderes eram homens criando campanhas grandiosas, de preferência em São Paulo, em alguma superagência cujo nome era o sobrenome de outro homem. 

Mas, olhando para trás, vejo claramente que as referências que me mantiveram na profissão nesse momento de formação eram todas mulheres. Já formada e no mercado, não tive a oportunidade de conviver com uma líder mulher. A carreira estava começando e um sentimento pairava sobre mim: “não é porque eu sou mulher, é porque eu não sou tão boa mesmo”. Se precisava estudar mais, eu estudava; se precisava fazer hora extra, eu fazia; se precisa apagar tudo e começar do zero para ver se algo melhor sairia dali, eu apagava. Mas, mesmo com todo esforço, a sensação era que eu não saia do lugar, de que nenhum esforço era o suficiente. 

A DBPV entra neste momento. Não foi fácil, eu precisei bater na porta da agência e, ao entrar, me deparei com um setor embrionário e o desafio de atuar em uma área que não era o que eu fazia antes. Aqui, foi minha última tentativa antes de desistir da Publicidade, e que bom que eu fiz essa tentativa. 

Na DBPV eu descobri o elemento que sempre me faltou para sair do lugar: um solo fértil que me permitisse crescer, errar e ser sincera. Assim, eu ajudei a construir o setor de estratégia da DBPV. Hoje, em quatro pessoas, eu olho para trás e penso “que orgulho, quando eu cheguei aqui era tudo mato” (risos). 

Um dos pontos altos dessa caminhada foi tirar todos os processos, que nesses cinco anos inventamos e reinventamos, do papel. Tirar o setor da nossa cabeça e materializar em 160 páginas de processos me fizeram sentir o maior orgulho, porque eu tive participação ATIVA em cada linha desses processos: eu tive espaço para sugerir, para aplicar, para analisar, para mudar, para errar e acertar livremente. Foi tranquilo? Não mesmo, mas nesses cinco anos eu descobri que aqui eu também tinha espaço para falar (e ser ouvida) quando as coisas não estavam legais, e digo com toda a tranquilidade que as conversas mais difíceis foram as que mais me impulsionaram. Perder o medo de conversas difíceis não é fácil, é uma construção constante e nada garante que o medo não vai voltar mesmo depois de você achar já ter superado, mas, para mim, esse ponto é essencial na liderança. 

MAS ISSO FOI ANTES

A parte mais recente dessa história maluca é aceitar ser gerente de outras pessoas.  É um grande desafio! Eu acabei de me acostumar a brigar por mim e agora eu brigo pelas outras pessoas, pelo meu time. Eu ainda estou aprendendo como fazer isso. 

Promover, ensinar e elevar as pessoas que estão comigo, levando em consideração o que elas são e não o que eu sou. Loucura, mas eu aceitei porque aqui e agora eu tenho referências fortes: a Katia, liderando o time de Atendimento, e a Bruna, liderando o time de Criação. Elas são minhas aliadas nas brigas, são profissionais casca-grossa com que eu posso contar para ter desde reconhecimento a um puxão de orelha (sim, alguém para conversar com você sobre seus erros é fundamental para o crescimento, mas isso é assunto para uma outra matéria). 

Como mulher e recentemente líder do setor, o sentimento agora é de orgulho, porque eu sou a referência que eu não vi. Medo também, porque eu sei que minhas ações impactam diretamente no setor e na vida do time. Mas, principalmente, gratidão por estar aqui, sentir a confiança depositada em mim e saber que eu tenho apoio de outras profissionais incríveis. Sigo na luta, agora brigo em time, fora dessas paredes ainda temos barreiras para quebrar. Quem é que sabe até onde podemos chegar? 

Atendimento, ambições e liderança

Katia Brandenburg Schröder

Uma mulher sabe o quanto tem que ralar para ser vista, ouvida ou simplesmente ocupar o lugar ao qual pertence. A história de uma mulher que venceu, seja o que for, sempre será um exemplo lindo e motivador, e a minha, em questão, é um relato de abraço às oportunidades, esforço e evolução. Creio eu, que é uma história boa de se ouvir, o que me garante um baita orgulho por tudo que passei para chegar até o capítulo de hoje.

A minha caminhada de 10 anos após formada em Publicidade consiste em sair de casa, ir morar a mais de 300 km de distância da família, andar de bike para cima e para baixo, topar um trabalho por medo de ficar sem renda fixa, pegar um bico de garçonete para conseguir fechar as contas no fim do mês e pagar a pós, para depois de quase três anos conseguir entrar em uma agência de comunicação e marketing.

Até aí, por muitas vezes, pensei em desistir e mudar de profissão, abandonar esse meio onde não valorizavam o meu trabalho e não entendiam o quanto a minha entrega poderia contribuir para uma resultado melhor. Me sentia diminuída pelos olhares e julgamentos, por ser uma menina que gostava de "dar ideia", mas que não era ouvida. Fui podada e ignorada inúmeras vezes e isso me deixava a ponto de desistir sem mesmo saber por onde ia recomeçar se isso viesse a acontecer.

A DBPV está na minha vida há cinco anos e posso dizer que foi aqui que me encontrei profissionalmente. Uma agência criativa, que tem pilares culturais muito fortes, que resiste aos imprevistos e turbulências que o mercado impõe. Um lugar que busca valorizar o time a cada dia e só não faz o que não é sustentável. 

Quando paro e olho para a minha caminhada, vejo que cada passo foi importante para chegar até a Katia de hoje. Todas as vezes que tentaram me diminuir por eu ser mulher ou não estar em um cargo de liderança serviram de combustível para aumentar a velocidade e chegar até aqui. E não é o fim, porque a ambição corre em minhas veias e eu sempre quero mais, isso é fato.

Todas as experiências, boas ou não, são como um banco de dados que me ajudam a contribuir com a evolução da minha equipe e me fazem ensinar e aprender com as duas mulheres líderes que estão ao meu lado e que admiro para caramba.

Esse lugar que conquistei me possibilitou realizar o sonho de ser mãe e as minhas filhas são mais um motivo para eu entender que nada é em vão, que valeu a pena e continua valendo. 

Ser mãe é desafiador, a sociedade é bruta com a gente. Aparentemente, todo mundo sabe o que é melhor para as minhas filhas e a minha versão não tem muito valor nesse debate involuntário.

Uma mãe que trabalha fora tem que ser resistente, não só pela correria louca do dia a dia, mas pelo julgamento de muitos. Frases como "você deveria ficar em casa até elas terem 2 ou 5 anos", "olhe lá, o tempo não volta", "elas precisam de você",  "que dó, elam ficarem na escolinha tão pequenas", e mais um monte dessas não são SÓ UMA DICA, OPINIÃO, CONSELHO. Entenda, isso não ajuda.

Uma mãe precisa de apoio, precisa de amigos de verdade, de pessoas que a ouçam e se coloquem no lugar dela por um minuto. Antes de julgar uma mãe, pense que ela pode estar acordada há três dias direto, não comeu direito, não conseguiu lavar o cabelo, muito menos se maquiar. Provavelmente, ela deixou de fazer isso, porque a prioridade é o filho e sempre será.

Existe um preconceito velado com relação a crianças e pouco se fala sobre isso, mas quem é mãe de filho pequeno, como eu, sabe do que estou falando. Você não é convidado "porque vai ficar ruim para as crianças". Você fica isolada porque algumas pessoas querem conversar sem interrupções, ou as crianças vão chorar, correr, gritar.. não vai ser legal, né?!

Esses pontos são só alguns em meio a muitas dificuldades que a gente passa. Muitas vezes calada, porque se for falar alguma coisa, está de mimimi. Tanto julgamento, tanta falta de empatia. Hoje vejo que a minha busca por conhecimento e as oportunidades que abracei  me tornaram uma mulher confiante e realizada.

Enfrento batalhas todos os dias, mas me torno mais forte a cada uma delas e vou continuar aqui lutando pelo que eu acredito e motivando cada mulher que cruzar o meu caminho. Você pode muito. As vezes só não está no lugar certo. Mulher, procure um solo fértil que possibilite o seu crescimento e o seu florescer.  A DBPV foi o meu.

Criação, oportunidades e liderança

Bruna Molena

"Eu comecei do zero, como estagiária de redação, e hoje sou Gerente de Criação. Se você se dedicar e trabalhar duro, também vai conseguir conquistar seu espaço". Das poucas convicções absolutas que eu tenho, uma delas é que pensar da forma exposta acima seria tão confortável quanto delirante

Sim, eu comecei como estagiária de redação na DBPV, na época, com uma bagagem inexistente na área de Publicidade. Sim, eu construí minha carreira aqui dentro e, depois de alguns anos, me tornei Gerente de Criação, com uma equipe para liderar. E sim, eu me dediquei, trabalhei duro e conquistei meu espaço. Porém, eu também contei com infinitos privilégios nesse caminho, privilégios estes que visivelmente não estão disponíveis para todas as mulheres em nosso mercado.

É importante frisar esse aspecto porque, quando falamos de liderança feminina, não basta mirar em um cargo e fazer o seu melhor para chegar lá. Esse ponto é, claro, indispensável, conforme eu venho aprendendo, ano após ano, ao vencer meus desafios internos (insegurança, pessimismo, excesso de cobranças, entre outros). Mas não é o suficiente, uma vez que mulheres lidam com barreiras invisíveis que nos impedem de alcançar mesmo o que parece depender unicamente dos nossos esforços individuais.

Os fatores são diversos: existe a sobrecarga mental por lidar com emprego, família, casa, estudos e contas, que invariavelmente recai sobre as mulheres; o sistema e a maneira como ele foi historicamente projetado para nos excluir; e, por fim, os ambientes insalubres que podam qualquer tipo de centelha de autonomia que um dia poderia forjar um perfil de liderança.

E para onde a gente corre em meio a essa realidade? O caminho que eu vislumbro passa, invariavelmente, pelo esforço em ocupar todos os espaços que se abrirem à nossa frente e levar outras mulheres conosco. Isso não significa, de forma alguma, diminuir-nos para ocupar uma posição que não nos cabe ou ainda condicionar-nos a um ambiente que nos impede de crescer. Mas, sim, vislumbrar oportunidades para falar, gritar, se preciso, nos expor e reverberar que, enquanto mulheres, somos capazes e queremos mais.

Eu demorei muito tempo para enxergar em mim mesma a capacidade de liderar, porém, reconheço que desenvolvi habilidades que me tornaram uma profissional competente para o cargo. Eu não tive um exemplo de liderança feminina, porém, me tornei uma líder ao lado de duas mulheres admiráveis e busco ser o exemplo da melhor profissional que me é possível ser com base no que aprendi em quase 10 anos de carreira. Eu me questiono constantemente se o que estou fazendo é o suficiente para fomentar novas lideranças, porém, sigo atuando com base na minha verdade e motivada para criar espaços, propor desafios, acolher erros, reconhecer progressos e valorizar conquistas. 

E espero ver, ao fim dos próximos 10 anos, não apenas essa agência que me deu oportunidade para crescer, mas nosso mercado de forma geral sendo liderado por outras mulheres ainda mais capazes e que, de preferência, não precisarão enfrentar os perrengues que a maioria de nós precisou enfrentar para chegar até aqui.

O que nós queremos com esse movimento?

Primeiramente, abrir um espaço definitivo para o diálogo. Seja você de agência, de veículo de comunicação, da universidade, de parceiros de produção ou de marketing, queremos abrir nossas portas e caixas de entrada para te ouvir e dialogar sobre como é possível encontrar (ou criar) um espaço no qual nós não precisemos nos diminuir para caber. 

Em segundo lugar, queremos transformar realidades. Sabemos que isso não acontece com um simples estalar de dedos, são necessárias muitas mãos e vozes combinadas para desconstruir o que nos limita e construir caminhos possíveis. Mas é preciso começar de algum lugar e nós já começamos aqui, na DBPV. E você, vai começar por onde? Por que não começar com a gente?

 

Juntas, nós somamos vivências que nos tornam capazes 

de podar qualquer resistência que surgir à nossa frente. 

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