25 de Março, 2022 / Mercado
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O palco é uma coisa, os bastidores são outra

Bruno Vieira
Sócio-fundador e CCO


Talvez a leitura desse texto possa ser um pouco desconfortável para alguns, talvez possa haver identificação, discordância ou até mesmo indignação. Isso é do jogo e o que apresento aqui é a minha visão sobre uma realidade que me incomoda e prejudica o mercado. Mas estou aberto a ouvir opiniões contrárias, é assim que fazemos a mudança. Vamos em frente!

O palco é uma coisa, os bastidores são outra O palco é uma coisa, os bastidores são outra

Você já deve ter passado por isso. Você abre o LinkedIn em busca de conexões profissionais, seja para prospectar negócios ou buscar uma nova posição no mercado. Então você se depara com um(a) CMO, ou Head de Marketing e Comunicação, ou Especialista em Squad, ou Especialista em Branding e Inovação e logo imagina: essa pessoa realmente manja do assunto e se garante na hora do "vamo vê". Afinal, é o que seu perfil está dizendo.

Mas se o que te faz seguir esses profissionais é o que você vê no perfil no LinkedIn, um conselho: tome cuidado. Uma parte deles é feita apenas de especialistas de palco. Isso porque, nos bastidores, não possuem autonomia necessária para atuar da mesma maneira que se apresentam nas redes, às vezes nem para aprovar uma assinatura de e-mail. E amam compartilhar campanhas e projetos de profissionais corajosos de outras empresas, sonhando em poder executar projetos do mesmo porte algum dia… Mas até aí, tudo bem, afinal, quem nunca deu uma exagerada no currículo ou no perfil das redes sociais pra ficar bem na fita?

O problema acontece quando chega o momento de apresentar um briefing para a agência, pois aí eles precisam mostrar que o perfil do Linkedin é compatível com a realidade. Então estufam o peito, chamam a responsabilidade, dizem que esse é o momento de mudança e que a diretoria deu total autonomia sobre a distribuição de verba e a escolha da agência. E muitas vezes, acaba que quem está se enganando são eles mesmos.

E como você começa a desconfiar que o perfil no Linkedin pode não ser totalmente fiel à realidade? Eles dizem: "a apresentação está incrível, esse é um projeto que pode ter ótimos impactos. Por mim, está aprovado. Mas preciso validar com a diretoria". E nesse "mas", meus amigos, cabe tudo o que não vemos nas redes sociais profissionais. Por mais que eles ainda repitam: "fiquem tranquilos, eu tenho autonomia".

O que acontece depois? Eles somem, não respondem e-mails, não atendem telefonemas e nem respondem no WhatsApp. Até o respeito que é prometido some. Mas as publicações em seu perfil no Linkedin incentivando a autonomia, o respeito, um mundo como mais empatia, propósito, entre outros temas, seguem lá. Para eles, não passa de um discurso de palco para se promover nas redes. E muitos até palestram sobre os assuntos citados. É como diz um ditado antigo: ensine um papagaio e ele também irá falar.

E após muito cansaço e insistência para receber uma resposta, eles aparecem e dizem: "pois é, sabe como é… prefiro não comprar essa briga, tenho filhos, uma casa para pagar, não tive como viabilizar o projeto. A diretoria não validou. Vamos ver se fica pra próxima". É aí que você descobre: no palco e no perfil é tudo muito lindo, eles encantam a plateia. Mas não passa de um discurso vazio para entreter. Na realidade, eles acabam se sujeitando a dizer sim para tudo e não deixam um legado por onde passam, e o que resta é assistir aos profissionais corajosos se destacando e compartilhar o sucesso que não é deles.

Na minha  caminhada de 11 anos de DBPV, cruzei o caminho com alguns profissionais de palco. Mas em contrapartida, o que me faz ter tesão para ainda continuar nesse negócio é ter o privilégio de trabalhar ao lado de grandes profissionais de marketing que nos enchem de orgulho e mostram sua coragem diariamente. E juntos acreditamos que sim, é possível fazer projetos incríveis e nos desafiarmos todos os dias. Sempre praticando o respeito mútuo. E quando recebemos o não, nós saberemos que eles lutaram até o fim, pois acreditavam tanto quanto nós. Por esses profissionais, andamos mais uma milha sempre.

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